As pequenas memórias

As pequenas memórias, de José Saramago nos traz deliciosos relatos da infância do autor. As periécias do meninote Zezinho nos levam a um outro tempo onde os meninos corriam soltos pelos campos e ruas da aldeia de Azinhaga.

O tom da narrativa é leve e nos traz a sensação de estarmos ouvindo o relato em um chá da tarde, com histórias entre cruzadas e sem homogeneidade cronológica.

Descobrimos a origem peculiar do sobrenome incomum e marcante, e de como o filho deu seu nome ao pai. Ficamos também sabendo da importância da casa dos avós maternos, Josefa e Jerónimo, casa que há muito não existe mais e da qual Saramago escreve a seguinte frase: "Essa perda, porém, há muito que deixou de me causar sofrimento porque, pelo poder reconstrutor da memória, posso levantar em cada instante as suas paredes brancas , plantar a oliveira que dava sombra à entrada…".

Também travamos conhecimento por estas pequenas memórias de como a morte prematura do irmão Francisco, e a busca pela data exata de sua morte contribuiram para a construção do romance "Todos os nomes", e assim de história em história vamos costurando a colcha de retalhos que formaram este homem que mesmo em um texto autobiográfico deixa sua marca literária inconfundível.

"Não se sabe tudo, nunca se sabe tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque nesse momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queria chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos."

Esta leitura faz parte do Desafio Literário cujo tema do mês de novembro é a leitura de um escritor de Portugal.

estrelinhas coloridas…

Uma opinião sobre “As pequenas memórias

  • 24 de novembro de 2010 em 11:13
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    Grande escolha! Até no título Saramago é surpreendente e também na maneira como escreve uma biografia, não uma história do escritor consagrado e único prêmio Nobel de literatura em língua portuguesa, mas sim do menino Zezinho.

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    • 25 de novembro de 2010 em 12:06
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      Ah Alexandre achei esta obra tão peculiar, nem parace mesmo uma biografia, a prosa é tão delicada e pungente que é impossível não se emocionar 🙂

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  • 29 de novembro de 2010 em 16:51
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    Hmm…apetitoso esse cardápio literário. (não só pela analogia ao chá da tarde). Gostei muito do excerto final. Vai ao encontro de muito do que penso. Excelente e convidativa resenha.

    Beijocas

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    • 29 de novembro de 2010 em 19:24
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      Que bom que gostastes Vivi, é uma obra muito especial mesmo. 🙂

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  • 30 de novembro de 2010 em 20:57
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    Li sua resenha e coloquei na minha lista, imediatamente. Adorei! Beijos

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    • 1 de dezembro de 2010 em 02:26
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      Olá Larissa, fico feliz que tenhas gostado da resenha e que ela tenha te incentivado à leitura desta obra, espero que gostes tanto quanto eu 🙂
      Obrigada pela visita.
      estrelinhas coloridas…

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