Desafio Literário 2011 – Atualização

E eis que a última resenha que fiz para o Desafio Literário foi em maio *shame on me*, fiquei chateada de ter sido sugada pela mudança de casa, mas enfim percalços fazem parte do processo, como eu li alguns livros mas não fiz resenhas no prazo vou fazer uma atualização com os livros lidos, de alguns livros ainda pretendo fazer as resenhas. Também já escolhi os lançamentos que irei ler no mês de dezembro e cortei dois livros extras.

Janeiro – Literatura Infanto-Juvenil

Livro 1: O mistério da ilha de Tokländ, Joan Manuel Gisbert – OK

Livro 2: Jornada pelo rio mar, Eva Ibbotson – OK

Livro 3: A maldição da moleira, Índigo – OK

Fevereiro – Biografia e/ou Memórias

Livro 1: O diário de Hèléne Berr: um relato da ocupação nazista de Paris – OK

Livro 2: Moacyr Scliar: a escrita de um homem só – OK

Livro 3: Cartas a um jovem poeta, Rilke – OK

Março – Romance épico

Livro 1: Os vendilhões do templo, Moacyr Scliar – OK

Livro 2: As virtudes da casa, Luiz Antônio de Assis Brasil – OK

Livro 3: Netto perde sua alma, Tabajara Ruas – OK

Abril – Ficção científica

Livro 1: Laranja Mecânica, Anthony Burgess – OK

Livro 2: Da Terra à Lua, Júlio Verne – OK

Livro 3: Raio Verde, Júlio Verne – OK

Maio – Livro-reportagem

Livro 1: A sangue frio, Truman Capote – OK

Livro 2: Crianças de Grozni: um relato dos órfãos da Tchetchênia, Asne Seierstad – OK, farei resenha mesmo atrasada.

Livro 3: O quinto mandamento, Ilana Casoy – Não vou ler

Junho – Peças teatrais

Livro 1: Sonho de uma noite de verão. William Shakespeare – OK, farei resenha mesmo atrasada.

Livro 2: Macbeth, William Shakespeare – Vou ler ainda este ano

Livro 3: A maldição do Vale Negro, Caio Fernando Abreu – Vou ler ainda este ano

Julho – Novos autores

Livro 1: A senha, Natália B. Guzzo – Lendo, farei resenha mesmo atrasada

Livro 2: Areia nos dentes, Antonio Xerxenesky – Vou ler ainda este ano

Livro 3: Uma carta por Benjamin, Jana Lauxen – Não vou ler

Agosto – Clássico da literatura brasileira

Livro 1: Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

Livro 2: Quincas Borba, Machado de Assis

Livro 3: Vidas Secas, Graciliano Ramos

Setembro – Autores regionais

Livro 1: Transversais do tempo, Tailor Diniz

Livro 2: Sob o céu de agosto, Gustavo Machado

Livro 3: A babilônia, José Clemente Pozenato

Outubro – Nobel de literatura

Livro 1: Todos os nomes, José Saramago

Livro 2: Paris é uma festa, Ernest Hemingway

Livro 3: Gertrud, Herman Hesse

Novembro – Contos

Livro 1: Correio do tempo, Mario Benedetti

Livro 2: A dama do cachorrinho, Anton Tchékhov

Livro 3: Laços de família, Clarice Lispector

Dezembro – Lançamentos do ano

Livro 1: A camareira, Markus Orths

Livro 2: O Herói Perdido, Rick Riordan

Livro 3: A outra volta do parafuso, Henri James

A sangue frio

Faz um tempão que tenho esse livro e o desafio literário foi uma ótima oportunidade de leitura desta obra que é envolta em mitos e polêmicas. Para minha experiência de leitura é fundamental saber mais sobre o contexto em que a obra foi escrita, por isso fiz uma pesquisa básica sobre o processo de escrita do Truman Capote e descobri coisas bastante peculiares, como o fato de que durante os seis anos de pesquisa ele criou uma relação de amizade com os assassinos Perry Smith e Richard Hickcock, que o livro precisou aguardar a execução dos mesmos para ser lançado.

Essa longa pesquisa feita pelo autor resulta em uma narrativa minuciosa e detalhada dos últimos dias de vida de quatro membros da família Clutter, e também da mente criminosa dos assassinos, no entanto a linha tênue entre a veracidade dos fatos e a romantização dos mesmos foi discutida à exaustão, porém isso não tira o brilho da obra que é muito bem escrita.

O estilo da narrativa de Truman é tão detalhado que em alguns momentos chegou a me cansar, isso só não foi uma constante no texto inteiro porque a história real é contada como um romance de ficção, daqueles bem bons e o domínio do autor sobre o texto deixa ele fluído. O grande trunfo do livro é mesmo o tom da narrativa e a forma como ele é conduzida e nos deixa a leitura inteira em expectativa o que convenhamos é muita coisa em se tratando de uma história amplamente conhecida sobre um homem religioso, uma mãe com tendências depressivas, uma garota, um adolescente e dois ladrões frustrados.

Enfim “A sangue frio” se trata de um livro que agrada tanto a quem procura um bom romance, quanto quem quer conhecer mais sobre uma história real muito bem contada.

Esta leitura é a primeira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de maio é a leitura de um Livro-Reportagem

Confira no blog do Desafio as resenhas dos outros participantes.

UPDATE:

Caros leitores!

Ainda não consegui identificar o erro que está impedindo os comentários nesta postagem, agradeço a todos que me avisaram do ocorrido, assim que o problema for resolvido aviso vocês.

estrelinhas coloridas…

Da Terra à Lua

Minha terceira e última leitura com a temática Ficção Científica também foi uma obra de Júlio Verne, mas dessa vez a inventividade e a aventura se fizeram presente desde o início da trama, originalmente publicada em capítulos no Journal des Débats, em 1865.

Da Terra à Lua narra a saga dos membros do Clube do Canhão para dar vida à ideia de construir um canhão gigantesco para lançar um projétil à lua. A experiência é proposta por Barbicane, presidente do Clube que vendo como seus membros estão ociosos com o fim da Guerra da Secessão revolve empreender uma aventura até então jamais vista.

Com um humor irônico e sagaz o autor faz a narrativa fluir de forma agradável, com explicações mirabolantes para os percalços que aparecem para o sucesso do empreendimento. É realmente admirável que as personagens em nenhum momento duvidam que tudo dará certo, nem mesmo quando um francês chamado Michel Ardan se propõe a ser tripulante do projétil.

Tudo na trama é gigantesco, o canhão construído na Flórida, a bala oca, o telescópio e a quantidade de pólvora usada são de proporções impensáveis, mas a despeito de todos as adversidades a bala é lançada com sucesso, mas quando se aproximou do satélite ao invés de aterrissar a bala entrou em órbita da própria lua. Aqui podemos realmente ver a veia irônica do texto de Verne, quer coisa mais irônica do que os candidatos a exploradores do satélite se transformarem em satélite dele? Dentro da bala existiam suprimentos para a sobrevivência dos astronautas por 3 meses, o futuro deles é descrito no livro À roda da Lua.

Uma curiosidade sobre esta obra é que o local do lançamento da bala de canhão tripulada, em Tampa, nos EUA fica apenas a 30Km de onde foi lançada a Apollo11, cerca de 100 anos depois.

VERNE, Júlio. Da Terra à Lua. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

Esta leitura é a terceira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

Confira no blog do Desafio as resenhas dos outros participantes.

O Raio Verde

Alguma vez você já observou o pôr-do-sol sobre o mar? Já o observou até que a aba superior de seu disco, tocando de leve a superfície da água, estivesse prestes a desaparecer? Muito provavelmente sim, mas você já notou o fenômeno que ocorre no preciso instante em que o corpo celestial irradia seu último raio, e que, quando o céu está limpo, é de uma pureza inigualável?”

Julio Verne é considerado por muito críticos o precursor do gênero Ficção Científica e foi com conhecimento de causa que coloquei ele na lista do Desafio Literário , já li alguns livros dele que me encantaram demais, por isso minhas expectativas para a leitura de O Raio Verde eram altas.

O livro conta a história de Helena, uma moça rica e extremamente mimada pelos tios que após ler um artigo no jornal, decide sair pelo mundo em busca da visão do Raio Verde, cuja lenda diz que quem o enxergar terá certeza quando encontrar seu verdadeiro amor.

Acostumada com leituras de Ficção Científica focadas na aventura e na ação estranhei um pouco o tom desta narrativa que a princípio se mostrou cansativa e enfadonha, focada apenas nos caprichos de Helena, que em nenhum momento causou empatia, na verdade achei-a detestável, cheia de vontade e caprichos. Achei a história muito superficial e sem o aprofundamento técnico tão comum ao gênero e até mesmo à obra do Verne, tudo gira em torno das aventuras que a moça e seus tios passam para ver o tal Raio Verde, que nada mais é que o último raio que o sol emite sobre o mar quando está se pondo, mas as tais aventuras não empolgam, para mim o único alento na leitura foi a figura peculiar de Aristobulo Ursiclos que é uma personagem irritantemente hilariante, enfim foi uma leitura rápida e que não acrescentou nada, fiquei com a sensação de Verne não usou nem uma parte infinitesimal da sua mente brilhante para escrever este livro.

VERNE, Júlio. O Raio Verde. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

Esta leitura é a segunda para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

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Laranja Mecânica

Quando vi o tema do mês de abril do Desafio Literário não tive dúvidas que ia incluir Laranja Mecânica como livro principal, fazia muito tempo que queria ler esta obra e por motivos que fogem a minha compreensão sempre adiava. Como eu não tinha o livro sai à caça dele, no Skoob descobri que ele tem várias edições e assim que bati o olho na capa da edição de 1962 coloquei na cabeça que queria esta edição, por dias e dias entrei na Estante Virtual para ver se encontrava e nada, isso foi no início de fevereiro, em 29 de março me dei por vencida e encomendei a nova edição da Editora Aleph e não me arrependi, eles fizeram um trabalho impecável.

O livro, escrito em 1962, é narrado em primeira pessoa por Alex, um adolescente que se orgulha dos atos violentos cometidos em uma sociedade futurista que não é situada temporalmente. A narrativa é feita em uma linguagem estranha, permeada de gírias Nadsat, que foi criada pelo autor baseada no idioma russo, confesso que depois de umas 10 páginas eu conferi o glossário que tem no final do livro, muitas pessoas recomendam ler e ir intuitivamente compreendendo o significado dos termos, para mim não funcionou e a leitura fluiu muito melhor depois da leitura do glossário.

Laranja Mecânica é daqueles livros que incomodam, a leitura é difícil não pela linguagem mais sim pelo conteúdo. As reflexões que fatalmente surgiram durante a leitura ficam ecoando na mente, é como a sensação de ficar cutucando um machucado, o principal questionamento que a leitura me provocou foi até ponto a violência, em níveis absurdos diga-se de passagem, é justificativa para privarmos um ser humano do livre-arbítrio? Quando Alex é preso por seus inúmeros crimes, ele é “voluntário” para experimentar a “Técnica Ludovico” que nada mais é do que a manipulação do cérebro por meio de drogas, música e vídeos, tudo isso embasado no princípio de condicionamento proposto por Pavlov e é não é mais capaz de nem sequer pensar nos atos que cometeu sem que isso tenha consequências físicas.

A reintegração de Alex à sociedade é outro momento da narrativa do qual emergem muitos questionamentos, como por exemplo quando ele encontra uma de suas vítimas, é impossível não se incomodar com a situação como um todo, não se questionar que tipo de sociedade produz jovens como Alex. Diante de tantas reflexões que este livro provoca. acredito que esta é uma daquelas leituras que todos devam fazer pelo menos uma vez.

Laranja Mecânica foi adaptado para o cinema pelo diretor Staley Kubrick em 1971, mas sem o capítulo final.

BURGESS, Anthony. Laranja Mecânica. Tradução de Fábio Fernandes. São Paulo: Aleph, 2004.

Esta leitura é a primeira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

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