O contador de histórias

O escritor em momento de descanso em seu escritório. Foto: Leonid StreliaevHoje é dia de celebrar o nascimento de Erico Veríssimo, escritor que mora no meu coração desde os 13 anos quando li “O Tempo e o Vento”. Depois da trilogia que é considerada sua obra prima já li praticamente toda a obra de Érico, e a cada releitura renovo a certeza de que seria uma leitora totalmente diferente se não tivesse começado me iniciado em Literatura Brasileira pela obra de Érico, e como me sinto muito feliz com a leitora que sou, devo um agradecimento especial à este autor que apresentou o Rio Grande do Sul ao resto do país. O crítico literário Antonio Candido vai ainda mais longe e define que: “O Rio Grande do Sul existe muito como visão do Erico”.

Para os leitores que não conhecem sua obra, recomendo com todas as minha forças que leiam Érico Veríssimo 😉

Caminhos Cruzados, Érico Verissimo

Caminhos Cruzados (Globo, 299 páginas), de Érico Veríssimo é uma obra que sempre surpreende. A história não tem personagens centrais, não tem heróis nem mocinhas. É uma teia de histórias que se entrelaçam de uma maneira tão real, tão possível que até assusta.

Fica ao gosto de leitor decidir qual história é central, se é a de Fernanda ou Chinita quem sabe, ou mesmo a de Janjoca, ou talvez de Cacilda? Certo apenas é que nos enveredamos por dramas reais e imaginários, vidas sofridas e vidas felizes.

Cada personagem se apresenta de maneira única, cada um deles é um universo dentro da tecitura criada pelo autor, mas todos eles se encontram interligados por estes caminhos cruzados.

As personagens são uma perfeita caricatura da sociedade Porto Alegrense ainda na época dos casarões do Moinhos de Vento, é fácil nos ansiarmos diante da demagogia hipócrita de Leitão Leiria e sua fervorosa esposa dona Dodô, sempre posando de bons cristãos, mas apenas dois espíritos ???? revestidos pelo simulacro da caridade e da benevolência. Ou então nos compadecermos da situação de João Benévolo, amante dos livros, desempregado, sem perspectivas e com mulher e filho.

Quem sabe a identificação venha com Fernanda, guria boa, pobre, que trabalha de sol a sol, cuida da mãe, do irmão e sonha com Noel, este moço que vive no mundo da fantasia, recebendo mesada do pai, ignorado pela mãe.

A miríade de personagens torna fácil se perder no meio de tantas nuances, de tão diversas personalidades e é isto que dá graça e corpo a esta história que não é só uma, mas múltiplas histórias de caminhos cruzados.

A vida, prezado leitor, é uma sucessão de acontecimentos monótonos, repetidos e sem imprevisto. Por isto alguns homens de imaginação foram obrigados a inventar o romance. (Professor Clarimundo)

estrelinhas coloridas…