Da Terra à Lua

Minha terceira e última leitura com a temática Ficção Científica também foi uma obra de Júlio Verne, mas dessa vez a inventividade e a aventura se fizeram presente desde o início da trama, originalmente publicada em capítulos no Journal des Débats, em 1865.

Da Terra à Lua narra a saga dos membros do Clube do Canhão para dar vida à ideia de construir um canhão gigantesco para lançar um projétil à lua. A experiência é proposta por Barbicane, presidente do Clube que vendo como seus membros estão ociosos com o fim da Guerra da Secessão revolve empreender uma aventura até então jamais vista.

Com um humor irônico e sagaz o autor faz a narrativa fluir de forma agradável, com explicações mirabolantes para os percalços que aparecem para o sucesso do empreendimento. É realmente admirável que as personagens em nenhum momento duvidam que tudo dará certo, nem mesmo quando um francês chamado Michel Ardan se propõe a ser tripulante do projétil.

Tudo na trama é gigantesco, o canhão construído na Flórida, a bala oca, o telescópio e a quantidade de pólvora usada são de proporções impensáveis, mas a despeito de todos as adversidades a bala é lançada com sucesso, mas quando se aproximou do satélite ao invés de aterrissar a bala entrou em órbita da própria lua. Aqui podemos realmente ver a veia irônica do texto de Verne, quer coisa mais irônica do que os candidatos a exploradores do satélite se transformarem em satélite dele? Dentro da bala existiam suprimentos para a sobrevivência dos astronautas por 3 meses, o futuro deles é descrito no livro À roda da Lua.

Uma curiosidade sobre esta obra é que o local do lançamento da bala de canhão tripulada, em Tampa, nos EUA fica apenas a 30Km de onde foi lançada a Apollo11, cerca de 100 anos depois.

VERNE, Júlio. Da Terra à Lua. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

Esta leitura é a terceira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

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O Raio Verde

Alguma vez você já observou o pôr-do-sol sobre o mar? Já o observou até que a aba superior de seu disco, tocando de leve a superfície da água, estivesse prestes a desaparecer? Muito provavelmente sim, mas você já notou o fenômeno que ocorre no preciso instante em que o corpo celestial irradia seu último raio, e que, quando o céu está limpo, é de uma pureza inigualável?”

Julio Verne é considerado por muito críticos o precursor do gênero Ficção Científica e foi com conhecimento de causa que coloquei ele na lista do Desafio Literário , já li alguns livros dele que me encantaram demais, por isso minhas expectativas para a leitura de O Raio Verde eram altas.

O livro conta a história de Helena, uma moça rica e extremamente mimada pelos tios que após ler um artigo no jornal, decide sair pelo mundo em busca da visão do Raio Verde, cuja lenda diz que quem o enxergar terá certeza quando encontrar seu verdadeiro amor.

Acostumada com leituras de Ficção Científica focadas na aventura e na ação estranhei um pouco o tom desta narrativa que a princípio se mostrou cansativa e enfadonha, focada apenas nos caprichos de Helena, que em nenhum momento causou empatia, na verdade achei-a detestável, cheia de vontade e caprichos. Achei a história muito superficial e sem o aprofundamento técnico tão comum ao gênero e até mesmo à obra do Verne, tudo gira em torno das aventuras que a moça e seus tios passam para ver o tal Raio Verde, que nada mais é que o último raio que o sol emite sobre o mar quando está se pondo, mas as tais aventuras não empolgam, para mim o único alento na leitura foi a figura peculiar de Aristobulo Ursiclos que é uma personagem irritantemente hilariante, enfim foi uma leitura rápida e que não acrescentou nada, fiquei com a sensação de Verne não usou nem uma parte infinitesimal da sua mente brilhante para escrever este livro.

VERNE, Júlio. O Raio Verde. São Paulo: Melhoramentos, 1982.

Esta leitura é a segunda para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

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Laranja Mecânica

Quando vi o tema do mês de abril do Desafio Literário não tive dúvidas que ia incluir Laranja Mecânica como livro principal, fazia muito tempo que queria ler esta obra e por motivos que fogem a minha compreensão sempre adiava. Como eu não tinha o livro sai à caça dele, no Skoob descobri que ele tem várias edições e assim que bati o olho na capa da edição de 1962 coloquei na cabeça que queria esta edição, por dias e dias entrei na Estante Virtual para ver se encontrava e nada, isso foi no início de fevereiro, em 29 de março me dei por vencida e encomendei a nova edição da Editora Aleph e não me arrependi, eles fizeram um trabalho impecável.

O livro, escrito em 1962, é narrado em primeira pessoa por Alex, um adolescente que se orgulha dos atos violentos cometidos em uma sociedade futurista que não é situada temporalmente. A narrativa é feita em uma linguagem estranha, permeada de gírias Nadsat, que foi criada pelo autor baseada no idioma russo, confesso que depois de umas 10 páginas eu conferi o glossário que tem no final do livro, muitas pessoas recomendam ler e ir intuitivamente compreendendo o significado dos termos, para mim não funcionou e a leitura fluiu muito melhor depois da leitura do glossário.

Laranja Mecânica é daqueles livros que incomodam, a leitura é difícil não pela linguagem mais sim pelo conteúdo. As reflexões que fatalmente surgiram durante a leitura ficam ecoando na mente, é como a sensação de ficar cutucando um machucado, o principal questionamento que a leitura me provocou foi até ponto a violência, em níveis absurdos diga-se de passagem, é justificativa para privarmos um ser humano do livre-arbítrio? Quando Alex é preso por seus inúmeros crimes, ele é “voluntário” para experimentar a “Técnica Ludovico” que nada mais é do que a manipulação do cérebro por meio de drogas, música e vídeos, tudo isso embasado no princípio de condicionamento proposto por Pavlov e é não é mais capaz de nem sequer pensar nos atos que cometeu sem que isso tenha consequências físicas.

A reintegração de Alex à sociedade é outro momento da narrativa do qual emergem muitos questionamentos, como por exemplo quando ele encontra uma de suas vítimas, é impossível não se incomodar com a situação como um todo, não se questionar que tipo de sociedade produz jovens como Alex. Diante de tantas reflexões que este livro provoca. acredito que esta é uma daquelas leituras que todos devam fazer pelo menos uma vez.

Laranja Mecânica foi adaptado para o cinema pelo diretor Staley Kubrick em 1971, mas sem o capítulo final.

BURGESS, Anthony. Laranja Mecânica. Tradução de Fábio Fernandes. São Paulo: Aleph, 2004.

Esta leitura é a primeira para o Desafio Literário 2011 cujo tema do mês de abril é a leitura de obras de Ficção Científica.

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