Vittorio, o vampiro

“Sim, sou um vampiro, como já disse, sou uma coisa abjeta que se alimenta da vida mortal. Existo com tranquilidade, relativamente contente, na minha terra natal, nas sombras escuras do meu castelo. E Ursula está a meu lado, como sempre, e quinhentos anos não chega a ser tanto tempo para um amor tão forte quanto o nosso.

Apesar da promessa do título e do parágrafo da contra capa, este não é um livro sobre um vampiro, e sim sobre um humano. Narrado em primeira pessoa pelo próprio Vittorio, o livro conta a história de sua vida até conhecer a maldade nua e crua a e acabar seduzido pelo poder daquilo que mais abomina.

A história se passa em plena Renascença e Vittorio é pouco mais que um menino, apaixonado por Florença e por pintura sacra, quando vê sua família ser dizimada de forma brutal por uma seita chamada Corte do Graal de Rubi. Ele sobrevive apenas porque despertou a compaixão de Úrsula, uma das integrantes da seita, mas é capturado e mais uma vez a jovem salva sua vida, no entanto não consegue o livrar o envenenamento.
Após ser abandonado, com o sangue dominado por veneno, delirando,  Vittorio recebe ajuda de anjos para arquitetar e colocar em prática seu plano de vingança. Porém nem tudo sai como ele e seus protetores planejaram e como o próprio título já anuncia ele, enfim, se torna um vampiro.

“Deixe-me colocar as coisas de outra maneira.
Olhe para trás, pense no episódio que narrei, quando meu pai e eu, cavalgando pelas florestas, falamos sobre Fra Filippo, e meu pai me perguntou o que tanto me atraía nesse frade. Disse-lhe que era o conflito e a natureza dividida de de Filippo que tanto me fascinava nele, e que dessa natureza dividida, desse conflito, emanava um tormento que Filippo reproduzia magistralmente nos rostos que pintava.
Filippo era uma tempestade dentro de si mesmo. E eu também.” pg. 203

Esta foi uma leitura interessante, apesar de alguns pontos da narrativa se mostrarem um pouco enfadonhos, os dilemas de Vittorio se mostraram uma surpresa gratificante, ele se mostra inteiro em suas digressões filosóficas e podemos ver o quão atormentado ele é por suas escolhas e ainda assim teve força para assumir a responsabilidade e consequências de seus atos.

RICE, Anne. Vittorio, o vampiro. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

Essa leitura faz parte do Desafio Literário 2012  cuja temática do mês de Agosto era a leitura de livros de terror.

Aqui é possível ler as resenhas dos outros participantes.

Uma opinião sobre “Vittorio, o vampiro

  • 18 de novembro de 2012 em 12:44
    Permalink

    Este é o meu livro favorito da Anne, tanto que o exemplar que tenho é de 1990 e alguma coisa, capa lilás e tá todo surrado tadinho, mas fiz questão de levar ele para autografar. Tenho muita vontade de reler, mas tenho medo de, por estar muito exigente, o livro se tornar sem graça e perder o encanto, mas um dia tomo coragem.

    Gente, quanto tempo não visitava seu blog =D.

    Beijocas

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    • 18 de novembro de 2012 em 21:15
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      Oi @Vivi, é sempre curioso e peculiar fazermos uma releitura de um livro muito amado, mas lido no início de nossa formação enquanto leitor, fiz isso com a trilogia “O tempo e o vento” de Érico Veríssimo e foi com uma alegria renovada que percebi que o arrebatamento da primeira leitura feita aos 13 anos, ainda persistia 15 anos depois.
      Vittorio foi minha segunda leitura da autora, li primeiro “Entrevista com o vampiro”, gostei mais deste, mas acredito que seja justamente porque hoje minha percepção literária seja mais apurada, mas ainda assim foi um livro agradável de ler.
      Estavas mesmo sumida, é sempre bom te ver por aqui 🙂
      até mais…

      Resposta

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